domingo, 18 de novembro de 2007

O calcanhar de Aquiles do meu ensino primário!

A escola onde estudei o ensino primário
Ao entrar na escola primária oficial com 7 anos de idade, tinha eu já feito um percurso de dois anos de ensino particular, em S. Domingos, sob os cuidados da conhecida Mamã Mendonça, uma senhora de mil ofícios, dos quais não era seguramente menos importante o de professora particular, função que desempenhava, sem ânimo de lucro, com muito zelo e competência, empregando, com mestria, os métodos tradicionais de ensino da leitura, escrita e cálculo e, ainda que com moderação, os famosos castigos em que a palmatória, a comprida vara de marmeleiro e as orelhas de burro faziam parte do arsenal de recursos didáctico-pedagógicos…

Seria muito fácil, agora, criticar tais métodos, à luz dos hodiernos paradigmas educacionais. Mas uma coisa é certa: tais métodos resultavam! Em apenas dois anos, eu sabia ler correntemente, escrever com bela caligrafia e praticamente sem erros e calcular nas quatro operações!... Graças a esse ensino particular, os meus primeiros anos de escola primária foram praticamente um passeio!...

Só na 4ª classe é que tive de me empenhar a sério, pois que os exames de fim do ensino primário não eram propriamente uma brincadeira, mas, mais uma vez, tive sorte: se as aulas da escola oficial não eram propriamente muito proveitosas, devido às limitações do professor, já as explicações diárias do Mestre Ano Novo, homem de mil ofícios que, além da música, que o imortalizou, do teatro e da dança, que cultivou com sucesso, evidenciava as suas qualidades como professor particular.

Graças a Ano Novo, acabei sendo um bom aluno em Língua Portuguesa (Leitura e Interpretação, Gramática, Ortografia, Redacção), Aritmética e Geometria, Geografia, Ciências Naturais, História... Mas o meu Calcanhar de Aquiles era o Desenho. Não tendo esta disciplina sido valorizada pelo meu professor e nem incluída nas aulas particulares do Ano Novo (este que era, todavia, uma pessoa com conhecidas habilidades em desenho e pintura), acabei sendo um aluno sofrível neste particular.
Eu e o meu caçula, aos 5 anos (Out.2006)

Na verdade, se no exame da 4ª classe, realizado na Escola Grande da Praia, em 1966, sob os auspícios do 4º júri, a maioria das classificações obtidas foi de Muito Bom e uma delas de Bom, havia lá estampado, na prova, para minha vergonha, um Medíocre em Desenho. Confesso que até hoje sinto vergonha desse Medíocre!

E quando o digo, agora, ao meu filho, de seis anos, que já desenha como um “especialista”, ele se vangloria da sua superioridade: “sei desenhar mais do que tu!”. E é verdade: mau grado as críticas que podem fazer-se à qualidade do ensino, a escola primária de hoje tem os seus pontos fortes!...

domingo, 26 de agosto de 2007

Eu e a televisão

O televisor é, hoje, algo banal em Cabo Verde. Logo nas primeiras semanas de vida, a maioria dos bebés começa a familiarizar-se com as imagens e os sons do pequeno ecrã. Mas não era isso tão banal há quatro ou cinco décadas. O meu primeiro televisor, a preto e branco, marca Ionust (não estou certo da ortografia), adquiri-o quando, aos 28 anos, visitei a antiga Rússia Soviética. Com ele cheguei a sintonizar as emissões da TV de Hilário Brito e da TVEC (primeira estação pública de televisão de Cabo Verde). Comprei o meu primeiro televisor a cores, da marca PHILIPS, no estabelecimento comercial de Carlos Veiga (Tio), quando tinha 30 ou 31 anos! Após duas décadas, ainda funciona! Mas foi mais precoce a minha experiência como telespectador: era eu garoto, talvez de 10 anos, quando tive o ensejo de assistir, pela primeira vez, à transmissão televisiva de um dos jogos do Campeonato do Mundo de Futebol, através de um aparelho a preto e branco que o Engenheiro Hilário Brito trouxe da Praia e fez funcionar em São Domingos, no sítio de Alto Povo. Que maravilha!










sábado, 25 de agosto de 2007

Meu aniversário

Ontem, acrescentei mais um ano aos que já tinha, ficando, ipso facto, mais velho. E eis que me lembro daquela do meu velho que respondeu do seguinte modo à minha pergunta sobre a idade dele: quarenta e quinze! Lembrando-se, saudosamente, do quanto lhe haviam sido particularmente felizes os anos quarenta da sua vida, o meu pai não queria ser um cinquentão, receando, porventura, que, na década seguinte, já não tivesse tanta sorte quanto antes. E a solução engenhosa que encontrou foi passar a contar os anos que ia fazendo da seguinte forma, a partir dos 49: quarenta e dez, quarenta e onze!... Não que quisesse esconder a idade, mas pelo mero prazer, algo juvenil, de brincar com coisas sérias. E eu, que achei excelentes os meus anos quarenta, decidi seguir o exemplo do saudoso pai, passando a contar os meus anos da mesma forma: quarenta e dez, quarenta e onze... Não que eu queira esconder a idade, mas, também, pelo mero prazer de brincar. 

Aos 40 e ...treze!




 

Chuva engraçada

Em Cabo Verde, a falta e a irregularidade das chuvas são abundantemente descritas em páginas da História do arquipélago, que igualmente dão ...